Um modelo industrial regenerativo da natureza, com política de resíduos zero, foi apresentado no primeiro dia de palestras abertas ao público na Casa Firjan, terça-feira (7/08). Segundo o especialista em economia circular Alexandre Gobbo, a ideia é recriar produtos e sistemas industriais com triplo impacto positivo: para as pessoas, a natureza e os negócios. Um bom exemplo é a Zerezes, marca de óculos que transforma materiais descartados em matéria-prima para criar produtos que durem uma vida toda. Sócio da empresa, Hugo Galindo também foi um dos palestrantes da noite. A última apresentação foi de Neliana Fuenmayor, da Transparent Company, consultoria para estratégia de sustentabilidade e inovação, que defendeu o uso da tecnologia blockchain para migração para a economia circular.
A Economia Circular e seu papel na nova economia foi o tema central das palestras da noite. Gobbo ressaltou que a redução de resíduos como caminho para a sustentabilidade não funciona. Mesmo que haja grande queda na quantidade do que é descartado, a demanda é linear e sempre existirá, adiando apenas a “chegada ao abismo”. O palestrante defende a metodologia “berço ao berço”, que, na prática, é o desenvolvimento de uma indústria circular com modelos de negócios que eliminam o conceito de resíduos, com produtos saudáveis para as pessoas e bons para o meio ambiente. “Não existe lixo. Como na natureza, tudo é nutriente para um novo ciclo. O mote aqui é recriar produtos e sistemas industriais com impactos de lucratividade tripla: positivos para as pessoas, a natureza e os negócios”, resumiu.
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Hugo Galindo, da Zerezes, apresentou o caso de sua empresa | Foto: Paula Johas |
Em seguida, foi apresentado o caso da Zerezes, marca guiada pelo design e respeito com a matéria-prima, nascida em 2012 no estado do Rio. “Para agregar ainda mais valor ao nosso produto e garantir maior significado para o consumidor, usamos o storytelling. Informamos ao comprador a proveniência da madeira utilizada, tornando o produto único e exclusivo”, destacou Hugo Galindo, sócio da Zerezes.
Pioneira em inovação sustentável, Neliana Fuenmayor defendeu o uso da tecnologia blockchain. O conceito foi desenvolvido em 2008 para dar mais segurança às transações digitais das bitcoins, mas já existem projetos utilizando a tecnologia para outros fins como, por exemplo, a validação de documentos. O blockchain cria um sistema compartilhado de registros entre os membros da rede de negócios, atualizado automaticamente, tornando a verificação das informações muito mais eficiente.
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Neliana Fuenmayor defendeu o uso da tecnologia blockchain | Foto: Paula Johas |
“Nós nos preocupamos com transparência, pois é a única maneira de ter certeza sobre as coisas. A falta de confiança é o maior obstáculo para alcançar a transparência completa. Assim, o blockchain desempenha um papel muito importante nos modelos de economia circular, pois permite contratação eficiente, pagamento e rastreamento de providência do produto”, disse Neliana.
As palestras continuam, todas as terças-feiras. Durante o mês de agosto, a entrada é gratuita. Confira a programação.