
Na abertura, Raul Sanson (Firjan), Cynthia Silveira (Firjan) e Mariana Cavassin Paes (Petrobras)Foto: Paula Johas
O Programa Rede de Oportunidades com a Petrobras sobre Descomissionamento, organizado pela Firjan SENAI SESI, na sede da federação, em 25/10, reuniu mais de 130 empresas interessadas em ser fornecedoras da companhia. A atividade ainda é considerada nova para o meio industrial fluminense. “A atividade de descomissionamento acontece no mundo e já está presente no Brasil, com cifras de investimentos significativas, na casa das dezenas de milhões de dólares. Hoje temos que respeitar regras internacionais de meio ambiente para as operações que são bem complexas. O mais difícil são os resíduos poluentes do navio, como óleo e gás da refrigeração. Temos que aproveitar, a atividade tem valor alto e prazo definido”, ressaltou Raul Sanson, vice-presidente da Firjan.
O que é descomissionamento? É a destinação adequada de ativos e seus equipamentos no final de sua vida útil. Na exploração e produção de petróleo offshore, essa atividade pode estar relacionada a plataformas, poços, sistemas submersíveis. “Estou feliz por ampliar a discussão sobre esse tema para evoluir em tecnologia, redução de custos e oportunidades. O descomissionamento é parte significativa dos investimentos previstos pela Petrobras até 2027. Queremos ser referência e vamos ter cuidados além do que a legislação pede”, enfatizou Mariana Cavassin Paes, gerente executiva de Descomissionamento da Petrobras.
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Mariana citou que, além dos equipamentos ligados à produção de óleo e gás, há todo um sistema de hotelaria nas plataformas, que poderia ter destinação para instituições sociais. A P-32, o primeiro FPSO que entrou em descomissionamento, está em processo de acostamento no Porto do Açu e lá devem ser removidos alguns itens, antes do navio ir para um estaleiro no Rio Grande do Sul. “Se o Brasil chegar a esse mercado pode se tornar um hub. O país é um importador de resíduo metálico para siderurgia. O aço do desmantelamento poderia ser vendido direto para as siderúrgicas”, exemplificou.
Luciana Chamusca, gerente de Concepção e Suporte Técnico em Descomissionamento da Petrobras, explicou que um sistema estacionário de produção apresenta curvas de receita e custos que variam ao longo do tempo de operação, até que ambas se cruzem e o ativo passe a ser inviável economicamente. Nesta fase, começa a ser programado o descomissionamento. “É preciso decidir entre revitalizar, desinvestir ou descomissionar. Em alguns casos houve o desinvestimento porque ainda são atrativos para outras empresas”.
No plano de investimentos da Petrobras 2023-27, estão previstos US$ 10 bilhões para descomissionamento, sendo 78% desse total para a Bacia de Campos. São 26 plataformas e 360 poços, além de outros itens, como recolhimento de risers e flowlines, de acordo com Fernanda Figueiredo, gerente de Planejamento e Controle de Projetos de Descomissionamento.
Entre as oportunidades estão: reboque, desancoragem, recuperação de guindastes, arrasamento de poços, inspeções por drone, monitoramento ambiental subaquático, transportes marítimo e terrestre de materiais e aéreo e marítimo de pessoas, destinação final e reciclagem de resíduos, limpeza e condicionamento de tanques.
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“As médias empresas vão poder apoiar a Petrobras nessa etapa. O fundamental é conversar, ter essa aproximação com a estatal. A indústria precisa se preparar tendo em vista também a questão dos custos para a ampliação da produção de óleo e gás de outras energias”, destacou Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da Firjan SENAI SESI. Ela também citou a importância da Firjan SENAI para a preparação da mão de obra.
Esta foi a 10ª edição do Rede de Oportunidades, que, desde o ano passado, já mapeou mais de 260 oportunidades, identificou mais de 3,2 mil fornecedores e teve a participação de mais de 850 empresas. Na parte final do evento, os empresários puderam tirar dúvidas com representantes da Petrobras em sete mesas com temas específicos.