Estudo desenvolvido pela Firjan, “Rio de futuro: vocações e potencialidades econômicas do Rio de Janeiro” identificou nove novas fronteiras de desenvolvimento capazes de transformar a indústria fluminense nos próximos anos. No cenário base, o PIB da indústria do estado cresceria R$ 279 bilhões em 10 anos. Com o estímulo estratégico dessas vocações, esse crescimento pode chegar a R$ 489 bilhões no mesmo período, um acréscimo de R$ 210 bilhões — mais que dobrando o potencial de expansão da indústria fluminense. O estudo foi entregue ao prefeito da capital, Eduardo Paes, e ao secretário de estado da Casa Civil, Nicola Miccione, em evento nesta quarta-feira (10/12), na sede da Firjan, que reuniu mais de 300 empresários, além do vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere, do deputado estadual André Correa, e do secretário de estado de Trabalho e Renda, Luiz Martins.
Há projeção de geração de 676 mil empregos adicionais – equivalente a todo mercado de trabalho formal do Mato Grosso do Sul –, além de aumentar de 17% para 23% a participação da indústria fluminense no PIB industrial do país.
O estudo se baseou na análise de indicadores econômicos nacionais, como os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Banco Central (BC), entre outros, e na escuta a 200 especialistas com notório conhecimento do estado, empresários e gestores públicos, gerando o mapeamento de 125 atividades industriais no Rio de Janeiro.
Rio de futuro: desafios
“O estímulo a essas novas fronteiras é imprescindível. Não podemos deixar passar a oportunidade de estabelecer um verdadeiro marco para o desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio. É importante que gestores públicos tenham a percepção de todo o potencial apontado pelo estudo”, destaca o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
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| Nicola Miccione, Eduardo Paes e Luiz Césio Caetano | Foto: Vinícius Magalhães |
De acordo com o prefeito, o Rio de futuro: vocações e potencialidades econômicas do Rio de Janeiro mostra que a indústria fluminense tem um norte de crescimento. “Bússola é o nome deste documento da Firjan. É bom que a indústria do Rio sabe onde quer chegar. Esse é um documento que pode nortear as ações do poder público”, enfatizou Paes.
Para Nicola Miccione, secretário estadual da Casa Civil, o gestor público não pode deixar de ter a visão para onde a indústria está indo. “A Firjan, mais uma vez, mostra um posicionamento firme de apoio ao desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro”, assinalou.
No estudo também houve a divisão das vocações e potencialidades em dois grandes grupos: Estruturantes (Petróleo e Gás, Infraestrutura, Metalmecânico e Construção), com potencial de geração de 438 mil empregos; e Consumo (Alimentos e Bebidas, Audiovisual e Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC, produtos químicos e farmacêuticos, moda, têxtil e confecção, e papel e gráfico), que pode criar mais 238 mil postos de trabalho.
Outro aspecto destacado no estudo da Firjan é a percepção, por parte dos atores envolvidos na pesquisa, da necessidade de enfrentar desafios estruturais. Entre eles, a segurança pública. Em levantamento recente realizado pela federação, dois em cada três industriais do Rio de Janeiro afirmaram que suas decisões de investimentos são impactadas pela falta de segurança.
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| Mauricio Fontenelle, diretor de Competitividade Industrial, Inovação e Comunicação Corporativa, e Jonathas Goulart, economista-chefe da Firjan, apresentaram o estudo Rio de Futuro |
Também foi apontada a importância de o estado contar com um fornecimento de energia mais estável e previsível. Em 2024, as perdas de energia geraram um prejuízo de R$ 1,7 bilhão, volume suficiente para abastecer as residências fluminenses por cinco meses.
Os participantes das entrevistas ressaltaram ainda que a malha viária fragmentada, a baixa integração entre portos e a ausência de intermodalidade representam barreiras à competitividade. Por isso, defendem que o estado avance na construção de uma infraestrutura logística integrada — aeroporto, porto, ferrovia e rodovia funcionando de forma articulada.
Por fim, reforçam que estabilidade e previsibilidade regulatória, aliadas à competitividade tributária, são condições essenciais para viabilizar investimentos de longo prazo no Rio de Janeiro.
A Firjan informou que, a partir de fevereiro, iniciará um cronograma de ações com base no estudo, incluindo a apresentação dos resultados a industriais de todas as regiões do estado e a candidatos às eleições de 2026.
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As nove fronteiras adicionais de desenvolvimento da indústria fluminense, apontadas pela Firjan, são as seguintes:
Transição energética, baixo carbono e economia circular: geração e transmissão de energia limpa para atrair a indústria eletrointensiva, e criar um mercado robusto de recuperação de materiais, e gestão eficiente de resíduos;
Turismo, cultura e economia criativa: materializar a “Marca Rio” em produtos de desejo, incentivar a indústria da moda e o polo Audiovisual como vetores de exportação cultural; consolidar a identidade gastronômica regional;
Complexo portuário-logístico e corredores produtivos: modernizar a gestão portuária, rodoviária e a infraestrutura aeroportuária. No âmbito do complexo portuário-logístico, é fundamental viabilizar a EF-118, ligando os portos do Açu (RJ) - Vitória (ES) e Porto de Sepetiba (RJ) à malha ferroviária. A ferrovia possibilitará a criação de um corredor logístico facilitando o escoamento de grãos, minério e outros produtos do Centro-Oeste e Minas Gerais;
Complexo da saúde, biotecnologia e farmoquímica: o Rio pode se tornar um hub nacional de Saúde, atraindo a manufatura de fármacos e medicamentos estratégicos (alto custo);
Economia do mar (indústria naval, turismo náutico e bioeconomia marinha: estimular estaleiros e inovação em sistemas navais e submarinos (PROSUB); desbravar o mercado náutico de luxo; desenvolver a atividade de construção de embarcações de esporte e lazer para atender o turismo de classe mundial; e liderar o mercado de Descomissionamento Sustentável, adaptando a Manutenção e reparação de embarcações para a engenharia reversa de plataformas offshore;
Complexo aeroespacial e MRO (manutenção, reparo e operações): viabilizar o Rio como centro de MRO da América Latina e consolidar a manutenção de aeronaves.
Indústria química e petroquímica avançada: expandir a produção de Petroquímicos Básicos essenciais para alimentar a indústria de transformação;
Hub de inovação, tecnologia, IA e data centers: estabelecer a infraestrutura da Indústria 4.0, atrair investimentos em tratamento de dados e economia digital; e fomentar empresas de desenvolvimento de softwares focadas em resolver demandas da indústria.
Agroindústria e bioeconomia territorial: inserir o RJ como player relevante na agroindústria brasileira; utilizar o gás natural para impulsionar a fabricação de fertilizantes e reduzir a dependência externa; e capturar o mercado de consumo sofisticado, (café, laticínios, panificação), orgânicos, e indústria de Alimentos "Premium" de alto valor agregado.
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| Mais de 300 empresarios fluminenses compareceram ao evento | Foto: Pedro Kirilos/Firjan |