A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 15% ao ano aprofunda as dificuldades enfrentadas pela indústria brasileira. Mesmo com as expectativas de inflação convergindo para a meta, o país segue com uma das maiores taxas de juros reais do mundo — 9,4%, atrás apenas da Turquia.
“Esse patamar impõe um custo elevado para empresas e famílias, reduzindo o consumo, o investimento e a geração de empregos. A política monetária, sozinha, não é capaz de sustentar a estabilidade econômica”, analisa Janine Pessanha, especialista em Estudos de Competitividade da Firjan.
Diante do atual cenário econômico do país, com recuo ode 0,4% da produção industrial em setembro – praticamente estável no terceiro trimestre – refletindo o impacto do crédito mais caro e ambiente econômico pouco favorável ao investimento, a Firjan defende que a redução sustentável dos juros depende de um ambiente macroeconômico mais previsível e propício ao investimento.
O equilíbrio das contas públicas é um dos fatores que podem contribuir para diminuir o risco-país e fortalecer a credibilidade das políticas econômicas. “Não há crescimento possível com crédito caro e indústria sem fôlego. O país precisa avançar para um novo ciclo econômico, baseado em produtividade, eficiência e confiança”, assinala a especialista, acrescentando que falta de confiança do empresariado, que já dura dez meses consecutivos, reforça o cenário de incerteza e baixo dinamismo.