O Museu do Amanhã foi palco, nesta quinta-feira (18/12), de uma noite carregada de simbolismo, emoção e propósito. A formatura da segunda turma do Programa Elabora Social reuniu parceiros, gestores públicos, lideranças empresariais, famílias e, sobretudo, 21 mulheres que decidiram transformar suas trajetórias por meio da ourivesaria. A iniciativa oferece formação gratuita, acesso a ferramentas e materiais, além de mentoria para inserção no mercado de trabalho, com parceria técnica da Firjan SENAI e apoio institucional do Sindicato das Indústrias da Joalheria e Lapidação de Pedras Preciosas do Estado do Rio de Janeiro (Sindijoias), da Agência da ONU para Migrações (OIM), do Instituto Cultural Vale e da Granado.

O presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, destacou a relevância do programa como política concreta de desenvolvimento social, formação profissional e fortalecimento da indústria criativa fluminense. “A Firjan se orgulha de ser parceira de uma iniciativa voltada para a inclusão de mulheres na manufatura joalheira. O curso de ourives da Firjan SENAI é referência nacional desde 2017. Temos instrutores com mais de 30 anos de mercado, portfólio robusto e serviços tecnológicos que unem tradição, inovação e pesquisa constante de tendências”, afirmou.

Foto: Pedro Kirilos/Firjan

Caetano, homenageado como incentivador do Programa Elabora Social, reforçou que o mercado joalheiro vive transformação e precisa de novas lideranças femininas. “Tenho absoluta convicção de que, em breve, as mulheres que se formam hoje se destacarão num setor ainda predominantemente masculino, mas que está mudando. Muitos empresários já associam a presença feminina à excelência e ao cuidado com o detalhe. Vocês trazem qualidade, sensibilidade e rigor técnico”, concluiu.

Representando o protagonismo feminino na indústria, a presidente do Conselho de Mulheres da federação e também do Sindijoias, Carla Pinheiro, lembrou que experiências como o Elabora Social inspiram políticas estruturantes. “Sou uma mulher da indústria e hoje vocês também são. Ver mulheres conquistando espaço em setores antes inacessíveis é transformador. Quando uma mulher ganha autonomia financeira e orgulho do próprio ofício, ela muda sua vida, a da sua família e de toda a comunidade. Mas é preciso lembrar: para transformar, é preciso estar viva. Por isso, nosso trabalho também dialoga com o enfrentamento à violência contra a mulher. Essa conquista é sobre dignidade, futuro e proteção”, afirmou, destacando a importância da rede de parceiros e do engajamento da Firjan.

Ao microfone, Carla Pinheiro, presidente do Conselho Empresarial de Mulheres e do Sindijoias | Foto: Pedro Kirilos/Firjan

Idealizadora do Elabora Social, Nathalie Kuperman emocionou o público ao lembrar a origem do programa. “A ourivesaria sempre foi majoritariamente masculina. Vemos mulheres em várias etapas da cadeia, mas quase nunca na bancada de produção, criando com as próprias mãos. Isso me inquietou”. Acrescentou que a iniciativa surgiu a partir da certeza de que ninguém muda de vida sozinho.

“É preciso oportunidade, apoio e rede. Quando uma mulher aprende um ofício, algo profundo acontece. Ela se fortalece, conquista autonomia financeira e afetiva, transforma sua casa e o seu entorno”, disse Nathalie, sintetizando o sentimento coletivo: “Não vejo apenas uma turma, vejo coragem, disciplina e mulheres que disseram ‘sim’ para si mesmas. O futuro começa aqui e o palco é de vocês”.

O rigor técnico e a formação cidadã oferecida às participantes foram ressaltados pelo diretor pedagógico, André Guerra: “Celebramos muito mais que o término de um curso. Foi uma trajetória feita de disciplina, cuidado com o detalhe, excelência artesanal e responsabilidade profissional. A formação que as alunas receberam transforma matéria-prima em significado, talento em valor e trabalho em identidade. Elas saem preparadas para ingressar no mercado com segurança, qualidade e visão técnica”.

O evento também marcou o anúncio de nova turma em 2026, cujo edital será divulgado em breve, reforçando a continuidade de uma iniciativa que já se consolidou como referência de impacto social no setor cultural e criativo.

Foto: Pedro Kirilos/Firjan