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Competitividade / Economia

Bons ventos para a indústria naval

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Publicado em 26/11/2020 20:12  -  Atualizado em  26/11/2020 20:29

Reportagem especial da Carta da Indústria

Um navio e quatro fragatas começam a agitar as águas brasileiras, após um longo período de calmaria para a economia do mar. A expectativa promissora tem como ponto de partida programas estratégicos da Marinha do Brasil no Cluster Tecnológico Naval do Rio de Janeiro (CTNRJ), que totalizam um montante de R$ 10,25 bilhões, já aportados na Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron).

Voltados para ações em prol da segurança do país e da garantia da soberania nacional, os projetos envolvem a construção de quatro Fragatas Classe Tamandaré e de um Navio de Apoio Antártico. As construções exigem, no mínimo, 30% e 40% de conteúdo local, respectivamente.Carlos Erane, vice-presidente da Firjan e presidente do Conselho de Administração do Cluster Naval, vê com muito bons olhos essa movimentação. Para Erane, o Brasil passa por uma crise, mas é possível avistar no horizonte oportunidades para uma nova retomada da indústria naval.

“Os projetos estratégicos da Marinha do Brasil oferecem perspectivas para o cenário econômico do Cluster. No projeto Classe Tamandaré, prevê-se a estruturação do gerenciamento do ciclo de vida dos navios”, ressalta ele, que também é presidente da Condor Tecnologias Não-Letais e do Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (Simde).

Estratégia para o país

Na visão de Heber Bispo, especialista de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, os projetos ligados ao Cluster – que conta com a participação da federação desde a criação, em 2019 – “são prova de que existe uma estratégia importante para o país e para o desenvolvimento de fornecedores nacionais”.

As fragatas serão construídas em Itajaí, Santa Catarina, e o Navio de Apoio Antártico ainda não foi licitado. Mesmo assim, a indústria fluminense de navipeças tem muito a ganhar, devido à expertise histórica do estado do Rio nesse campo. Os editais de compras para as fragatas estão sendo distribuídos e o Rio está na disputa. Num mapa de fornecedores identificados pela Emgepron, cerca de 70% são do Rio, conta Bispo.

“Existe uma demanda declarada de diversos equipamentos para o plano estratégico da Marinha. Há todo um encadeamento de demanda de defesa naval. Vislumbramos, nos próximos anos, novas oportunidades, além desses grandes projetos atuais, que envolvem a construção e também a operação”, avalia Bispo.

 

PRINCIPAIS PROJETOS 

Programa da Classe Tamandaré
R$ 9,5 bilhões de investimento
De 30% a 40% - mínimo de conteúdo local 

Projeto de Obtenção do Navio de Apoio Antártico
R$ 750 milhões de investimento
40% - mínimo de conteúdo local 

 

O que se tem em mente, afirma o vice-almirante Edésio Teixeira, diretor-presidente da Emgepron, é o efeito multiplicador que os programas estratégicos da Marinha do Brasil, num contexto maior de políticas públicas, produzirão em agregados macroeconômicos, como produto, consumo, emprego, exportações, importações, tributos etc.

“Os programas exigem, no domínio de uma das três principais orientações da Estratégia Nacional de Defesa (END), maior participação do conteúdo nacional e a consolidação e sustentação da base industrial, tecnológica e logística de defesa e segurança do país, o que certamente transbordará sobre a economia nacional como um todo”, enfatiza. E o Rio de Janeiro, acrescenta ele, possui todas as condições e vantagens comparativas e competitivas para embarcar e navegar com bons ventos na economia do mar, por ter experiência nesse mercado.

Para Marco Danemberg, diretor-superintendente da EBSE Engenharia de Soluções, empresa centenária fabricante de caldeiraria pesada, o caminho pavimentado está indo na direção certa, e a indústria fluminense vai se beneficiar. Entre os frutos, estão o desenvolvimento da base industrial de defesa, a geração de empregos e a capacitação de mão de obra.

“Estamos num momento bastante adequado, saindo de um período muito ruim – de uma pandemia que impactou o mercado e a economia – e estamos ávidos por retomar nossa atividade produtiva”, destaca. Entretanto, ele critica a desigualdade com que a indústria nacional, em especial a naval, compete com a internacional, por conta do Custo Brasil, que “desequilibra qualquer concorrência”.

Futuro promissor 

Marcelo Bonilla, presidente da EBSE, acredita que esses projetos vão animar as empresas. “São investimentos muito grandes. O empresário vai atrás de investir em melhorias de instalação, melhorias de processos. E vai procurar parcerias estratégicas também”, afirma.

“O berço da construção naval sempre foi e sempre será o Rio de Janeiro”, destaca Raul Sanson, 2º vice-presidente da Firjan CIRJ e empresário do setor. Segundo ele, sendo ou não construídos no estado, os navios geram perspectivas para a indústria fluminense de navipeças. “Tem todo o miolo que vai dentro do navio. E isso será estudado, organizado e movimentado pela Marinha no Rio”, pontua.

Sanson também observa um futuro promissor para toda a indústria naval do Rio, que abrange a cabotagem e as áreas de petróleo e militar/defesa. “Esses três mercados serão movimentados daqui para frente, não só pela Marinha. A Petrobras tem um programa que vai precisar de mais de 15 navios-plataformas tipo FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência), gerando muitas oportunidades”, ressalta ele.

Ainda por conta da Marinha, há também o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) e o e-Navigation (navegação aprimorada, estabelecida como conceito obrigatório no âmbito da Organização Marítima Internacional – IMO) que preveem oportunidades para empresas de tecnologia – internet das coisas (IOT), indústria 4.0, inteligência artificial, análise de dados e tecnologia da informação, entre outras áreas.

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