A mínima reação da produção industrial em outubro expôs a fragilidade do setor e reforçou a necessidade de cautela. A atividade variou apenas +0,1% em relação a setembro, na série com ajuste sazonal, desempenho insuficiente para compensar a queda do mês anterior (-0,4%) e longe de sinalizar mudança de direção.
Além disso, os indicadores de confiança do empresário industrial mostram que o cenário não deve se reverter nos próximos meses, já que o índice de expectativa de demanda recuou ao menor nível desde 2016, sinalizando que o consumo não deve ganhar fôlego no curto prazo enquanto os estoques seguem acima do ideal em diversos segmentos, observa Jonathas Goulart, economista-chefe da Firjan. Nesse ambiente de demanda contida, as empresas adotam uma postura mais cautelosa, refletida na eliminação de 13 mil postos de trabalho industriais em outubro.
O quadro permanece adverso. Uma retomada mais firme depende de reconstruir a confiança e reduzir o risco país, condições necessárias para viabilizar um ciclo consistente de queda da Selic, ainda situada em 15% ao ano, um patamar historicamente elevado. “Apenas a combinação de previsibilidade fiscal e juros mais baixos poderá sustentar uma recuperação duradoura. Sem isso, continuaremos convivendo com curtos períodos de crescimento”, avalia o economista-chefe da Firjan.