<img height="1" width="1" style="display:none;" alt="" src="https://px.ads.linkedin.com/collect/?pid=4124220&amp;fmt=gif">
Portal Sistema Firjan
menu

Notícias

Firjan

O agro pode ser do Rio

Tempo médio de leitura: ...calculando.

Publicado em 06/12/2021 11:11  -  Atualizado em  06/01/2022 17:17

Reportagem da Carta da Indústria

O complexo do agronegócio, desde o setor primário até o beneficiamento, corresponde hoje a cerca de 25% do PIB do estado do Rio e poderia ser maior, a partir de um olhar mais sensível para as potencialidades do nosso interior. É na busca do fortalecimento de políticas voltadas a esse conjunto de setores que foi criado Conselho Empresarial do Agronegócio, Alimentos e Bebidas (CEAAB) da Firjan. Em suas reuniões, o grupo vem monitorando o desenvolvimento das cadeias produtivas de agronegócio no estado e identificando potencialidades como café, leite, carnes bovina e de frango, cana-de-açúcar, cachaça, frutas, legumes e verduras, que podem melhorar seus indicadores de produtividade e produção ou mesmo despontarem como atividade comercial.

O potencial de crescimento é gigantesco e precisa ser aproveitado. Estudo da área de economia da Firjan indica que a expansão produtiva de R$ 1 bilhão no setor resultaria em um acréscimo de consumo produtivo em torno de R$ 1,15 bilhão além do investimento inicial, gerando 8,4 mil empregos diretos e 2,9 mil indiretos.

“O CEAAB mobiliza cerca de 30 empresas associadas à Firjan e vem promovendo debates visando o fortalecimento do agronegócio no estado. Já fizemos reuniões de trabalho com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, com representantes da Fundação Getulio Vargas (FGV), com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a Secretaria Estadual de Agricultura e com a Federação da Agricultura do Estado do Rio de Janeiro (Faerj)”, revela Antônio Carlos Celles Cordeiro, presidente do CEAAB e diretor do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio de Janeiro (Sindlat-RJ).

“Essa parceria dará excelentes resultados para encontrarmos soluções para alguns problemas, alguns gargalos da nossa atividade e partindo de um princípio que é interesse comum de todos os setores da economia fluminense. O agronegócio é uma cadeia produtiva que, em torno de 20%, é apropriado pelo setor primário, pela agropecuária primária, especialmente as atividades que estão no interior das propriedades rurais. Mas, a par disso, o restante dessa cadeia produtiva passa pela indústria, comércio, serviços, transportes, fabricação de insumos; enfim, há todo um conjunto de ramos que são tão importantes antes da porteira da fazenda, dentro da propriedade rural e depois”, comenta Rodolfo Tavares, presidente da Faerj.

A recente aprovação do fim da substituição tributária para algumas cadeias ligadas ao setor de alimentos e bebidas, por parte da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), acena para um alívio no capital de giro dos empresários, que arcavam com o pagamento antecipado do ICMS devido pela cadeia de distribuição e comercialização, impactando a competitividade do setor. Mas há outras pautas urgentes que precisam avançar. A crise econômica enfrentada pelo estado, em regime de recuperação fiscal, deixa o Rio de Janeiro em desvantagem tributária, em comparação com as condições oferecidas por outras unidades da federação. A Firjan atua para reverter esse quadro, em defesa das diversas indústrias que geram mais valor aos produtos do campo.

Incentivos estratégicos

Sem esses investimentos, a economia fluminense fica mais dependente do mercado de óleo e gás, que, sem dúvida, manterá sua importância, mas, em paralelo, outros segmentos podem se expandir, gerando emprego, renda e um círculo virtuoso. “É como se vivêssemos numa nação da Opep, autossuficiente em petróleo, mas que precisa importar alimentos. A produção de alimentos do Rio de Janeiro é insuficiente para atender a população fluminense”, adverte Celles Cordeiro.

A produção local de leite, indica um estudo da consultoria MilkPoint, gira em torno de 510 milhões de litros/ano e a demanda do mercado fluminense é de 2,9 bilhões de litros, ou seja, o estado precisa comprar essa diferença de 2,4 bilhões de litros de outras regiões do Brasil ou mesmo de outros países.

A situação não é diferente da indústria da pesca, que ao longo dos anos viu diminuir o número de empresas de processamento de pescado em conserva. “Outros estados oferecem incentivos, e as empresas transferiram suas atividades, em uma situação que foi agravada pelo fechamento do entreposto da Praça 15, no Centro da capital”, argumenta Sérgio Ramalho, vice-presidente do CEAAB e presidente do Sindicato da Indústria do Pescado do Estado do Rio de Janeiro (Siperj).

Visando reativar o entreposto, Ramalho informa que o setor vem mantendo canal de diálogo com o governo estadual para aquisição de uma área para construção de um novo entreposto.

Insumos de outros estados

A logística, aliás, é um grande entrave às atividades da cadeia local do agronegócio. A Granfino, que atua nas áreas de industrialização, beneficiamento, embalagem e distribuição de gêneros alimentícios, tem comprado toda sua farinha do Paraná. A distância entre produtor e beneficiador gera um frete alto para a empresa. “O frete é caro porque os caminhões que trazem a carga para o Rio de Janeiro acabam retornando vazios”, comenta a empresária Silvia Lantimant, presidente da empresa situada na Baixada Fluminense e coordenadora da Câmara de Alimentos do CEAAB.

O mesmo problema da compra de insumos e matéria-prima de outros estados é enfrentado pelo setor de bebidas. “O álcool que compramos para nossas atividades na Underberg deixou de ser aquele produzido no Norte Fluminense e passou a vir de São Paulo, Pernambuco e Alagoas”, lamenta Marcus Vinicius Rumen, presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Bebidas em Geral do Estado do Rio de Janeiro (Sindibebi) e coordenador da Câmara de Bebidas do CEAAB. Para ele, sem políticas públicas que estimulem a produtividade no campo, não serão iniciativas individuais dos empreendedores que vão mitigar o problema. Ainda assim, a Underberg, atualmente com fábrica instalada em Miguel Pereira, no Centro-Sul Fluminense, está ampliando sua área produtiva em 50%.

“Outro segmento que pode despontar é a cadeia da piscicultura, cujo potencial foi destacado pelo Secretário Nacional de Políticas Agrícolas do Mapa, Guilherme Bastos, em reunião do CEAAB realizada em agosto”, lembra Fabrinni Monteiro dos Santos, assessor do Conselho.

Busca de alternativas

Para o presidente da Faerj, o estado experimenta acréscimo de produtividade em alguns setores, como o tomate, mas é preciso ter agilidade, porque alguns segmentos encontraram fatores econômicos mais atrativos em outras regiões do país, a começar pelo valor da terra. “A terra no Centro-Oeste teve um custo nos últimos 30 anos mais interessante do que no Rio. E temos que buscar alternativas para substituir culturas que no passado já foram extremamente interessantes”. Ele cita como exemplo a Baixada Campista, que deixou a centralidade da cana-de-açúcar e migrou para outras economias, como óleo e gás e setor portuário.

Tavares observa ainda que o Rio de Janeiro utiliza na agropecuária apenas 54% do seu território. O Espírito Santo, por exemplo, utiliza 75%. “O nosso estado tem essa característica de preservar suas áreas nativas, especialmente a Mata Atlântica, e produz, com eficiência, reservando uma grande área dentro das propriedades rurais para preservação permanente e reservas legais. Tudo isso tem um grande valor para nós na preservação do meio ambiente do nosso estado, e é nessa direção que eu creio que devamos caminhar, procurando otimizar e dar maior produtividade possível às nossas atividades, respeitando mais uma vez o meio ambiente e também a qualidade e o manejo com animais e vegetais”, defende Tavares.

 
Para Empresas
Competitividade Empresarial Educação Qualidade de Vida