O segmento de parafina passa por incertezas e mudanças estratégicas que podem impactar a dinâmica do abastecimento local nos próximos anos, segundo a Nota Técnica Desafios do Mercado de Parafina no Brasil, elaborada pela Firjan. Com a forte queda da produção local em 2020 e 2021, foi preciso recorrer às importações. Em 2020, o volume médio mensal de importações cresceu 333%, comparado ao ano anterior. E nos primeiros quatro meses de 2021, a alta foi de 70%, ante 2020.
A indústria de velas consome mais de 60% do mercado de parafina. “O aumento nos custos da matéria-prima importada também tem a ver com o cenário de câmbio mais elevado e reflete, ainda que não totalmente, na alta de preços dos produtos finais para o consumo. Isso dificulta a sustentabilidade das empresas”, explica Savio Bueno, especialista em Petróleo, Gás e Naval na Firjan.
A redução na disponibilidade de parafina no Brasil ocorreu de forma ainda mais acentuada após a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, interromper a produção, em meados de 2020. A maior produtora nacional passa por processo de venda, e o grupo comprador, que ainda não assumiu a planta, deverá divulgar seu modelo em relação à parafina.
Reduc: única produtora do país
Atualmente, a única unidade no país que produz parafina é a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no estado do Rio. “Sem a produção da RLAM, a Reduc chegou a aumentar a produção, mas não foi suficiente para suprir a necessidade do mercado”, pontua Bueno. Com a pandemia, a refinaria fluminense produziu cerca de 40% da parafina nacional em 2020, percentual que chegou a 100% nos quatro primeiros meses de 2021. Já a RLAM, que no ano anterior à pandemia (2019) respondia por 80% da produção, viu sua participação cair para 60% no ano passado e 0% em 2021.
O valor da parafina representa mais de 90% dos custos associados ao insumo da indústria de vela, de acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes de Vela (Abrafave). A parafina também é usada nas indústrias alimentícia, de cosméticos, pneus e borrachas, madeireira, cerâmica, petrolífera, entre outras.
As recentes movimentações no mercado de refino de petróleo e gás, tanto com os desinvestimentos da Petrobras quanto com a implantação de novas unidades de pequeno porte, devem trazer maior pluralidade de agentes. Com isso, o mercado de petróleo como um todo deve apresentar uma nova configuração. “É importante para a competitividade da indústria nacional dependente da parafina que a manutenção da oferta seja garantida sem desabastecimento ou custos extraordinários, de modo a garantir a sustentabilidade dos empregos em toda a cadeia da parafina”, conclui o estudo da Firjan.
Baixe aqui a Nota Técnica Desafios do Mercado de Parafina no Brasil