
Foco é promover a educação profissional e mobilizar empresas e instituições de ensino e pesquisa no trabalho de conservaçãoFoto: Paula Johas
Avançar as fronteiras do conhecimento científico e desenvolver a restauração e conservação da Mata Atlântica, no Rio de Janeiro, é um dos objetivos do Projeto Araçá. Apresentada no encontro "Mata Atlântica 3.0: De Bioma Destruído a Centro Global de Ciência, Restauração, Educação e Bioeconomia", realizado na Casa Firjan, em 14/04, a iniciativa também tem o foco de promover educação profissional e mobilizar empresas e diferentes instituições de ensino e pesquisa no trabalho de conservação. O projeto foi apresentado pela Fundação Antonelli e recebeu o apoio da Firjan na mobilização de diferentes entidades a fim de conhecerem e divulgarem o projeto.
Ao comentar a grandeza do estudo, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente do Conselho Superior da Firjan, destacou que “esse projeto é entusiasmante, na medida em que traz um laboratório de nível internacional para a Mata Atlântica do Rio, com cientistas, pensadores e educadores”.
Para realizar o trabalho, a fundação construiu uma sede, em Nova Friburgo, que deve ser inaugurada em dois meses. O local, que fica no coração do maior núcleo da Mata Atlântica que existe no estado do Rio de Janeiro, vai abrir as portas para receber profissionais do Brasil e do Mundo com o intuito de disseminar conhecimentos. O esforço e a urgência são para não perder grande parte da biodiversidade da Mata Atlântica, que tem 82% das espécies de árvores endêmicas ameaçadas de extinção.
Carlos Erane, 1º vice-presidente da Firjan, acredita que o maior êxito do projeto pode ser alcançado juntando academia, empresa e governo de um modo geral, após ressaltar que o Projeto Araçá é um trabalho de pesquisa espetacular. “Tenho absoluta certeza de que há muita empresa naquela região do estado do Rio que pode ajudar com um pouquinho de esforço”, enfatizou, ressaltando que a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e BNDES talvez tenham projetos ligados à Mata Atlântica, e possam fazer parte dessa junção.
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Pedro Wongtschowsk, Eduardo Eugenio e Carlos Erane de Aguiar
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Já Pedro Wongtschowski, conselheiro da Casa Firjan, e idealizador do encontro disse que a ideia do evento foi apresentar um pouco o Projeto Araçá, compartilhar do entusiasmo do autor e entender como é possível ajudar a transformar essa ideia em realidade. Ele acredita que é importante associar potenciais interessados do setor privado, como se faz na área cosmética e farmacêutica.
“Existem hoje quatro ou cinco grandes laboratórios, nacionais e internacionais, que se associam aos pesquisadores para trabalhar no desenvolvimento de novas drogas. Desde que estejam associadas desde o começo, o trabalho já sai com potencial de aplicação”, reforça o conselheiro.
Autor do projeto, Alexandre Antonelli, que também é diretor de Ciência do Royal Botanic Garden em Kew, Reino Unido, explica que um dos principais trabalhos do projeto até agora tem sido o mapeamento do ecossistema que coabita uma figueira, da raiz ao topo.
“Estamos fazendo o inventário completo de todas as espécies dessa árvore, usando técnicas tradicionais taxonômicas, mas também genéticas. Com a ajuda de um andaime de 31 metros de altura, estamos executando o mapeamento em três dimensões com laser, uma série de estudos para tentar entender a complexidade de uma árvore tropical”.
Segundo Antonelli, a grande maioria das espécies que estão no dossel da árvore é desconhecida da ciência, um universo oculto que estão tentando desvendar. Além de entender também, a nível bem fino, o que existe em termos de captura de carbono e de fluxo de nutrientes para uma árvore tropical.
Participaram de debate após a apresentação, representantes do SOS Mata Atlântica, Instituto Serrapilheira, Instituto Igarapé, Jardim Botânico, CEBDS, da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), Araçá, Instituto de Física de São Carlos e Faperj.
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