
Julio Talon, presidente do Conselho de Economia da Firjan (ao microfone), ao lado de Leonardo Edde, da RioFilmeFoto: Vinícius Magalhães
Com objetivo de reunir propostas para contribuir e orientar as escolhas do país até 2050, a Firjan participou do debate “Diálogos para a construção da estratégia Brasil 2025-2050”. O evento aconteceu em 17/6, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio, com realização do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO). Na pauta, temas como superação das desigualdades sociais e regionais, transição demográfica, competitividade produtiva, crescimento sustentável e mudanças climáticas.
O debate ocorre no momento final do processo da consulta pública “Que Brasil queremos nos próximos 25 anos?”, do MPO. Além da Firjan, o evento contou com a participação de representantes dos governos federal, estadual, municipal, entidades de classe e não-governamentais.
Na ocasião, Julio Talon, presidente do Conselho Empresarial de Economia, destacou o Índice Firjan de Competitividade Global, estudo em que são analisados o ambiente econômico, a capacidade e a eficiência do estado, do capital humano e as condições de infraestrutura dos países. De acordo com o estudo da Firjan, entre 66 países, o Brasil hoje ocupa a 46ª posição, confirmando que a nação tem sérios problemas estruturais a serem tratados. Entre eles, o baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento. “No Brasil apenas 1,2% do PIB é destinado à pesquisa e desenvolvimento, inibindo a nossa capacidade de inovação, de ganhar produtividade não só internamente, mas também no mercado global”, apontou.
O empresário acrescentou um segundo tema importante, não só no estado do Rio, mas no Brasil: a segurança pública, especificamente nas estatísticas de roubos de cargas e de homicídios, que, segundo ele, afetam o ambiente de negócios e impactam na qualidade de vida da população. Outro problema estrutural destacado por Talon foi o quadro fiscal brasileiro: das despesas orçamentárias do país, mais de 90% são obrigatórias, situação que dificuldade investimentos em infraestrutura no território nacional.
A cultura foi o principal eixo da intervenção de Leonardo Edde, presidente da RioFilme e vice-presidente licenciado da Firjan, durante o encontro. Em sua fala, ele destacou a ausência de discussões mais robustas sobre temas como arte, audiovisual, cinema, teatro e de toda a indústria criativa.
Segundo o executivo, o cinema brasileiro, com seus 127 anos de história, segue obtendo reconhecimento internacional, com premiações recentes no Oscar e no Festival de Cannes. “O nosso povo é detentor de uma diversidade inigualável, o que torna os produtos culturais brasileiros altamente atrativos. Com isso, consolidamos uma indústria criativa pujante, que, segundo dados da Firjan, é a que mais emprega jovens de até 29 anos em todo o mundo. No estado do Rio de Janeiro, 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) é oriundo da economia criativa”, afirmou.
Pensando em um horizonte de longo prazo, Edde defendeu a necessidade de convergência de esforços em torno do setor. “Compreender a indústria criativa como uma estratégia prioritária é essencial. Foi extremamente relevante sua inclusão no programa Nova Indústria Brasil, do governo federal”, destacou.
Também presente no evento, Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, ressaltou que a fundação sempre pautou sua atuação pela reflexão sobre projetos estruturantes de nação. “A Fiocruz nasceu com esse compromisso de pensar o futuro do país. Desde a concepção de uma nova metrópole até a integração dos chamados ‘sertões’ do Brasil. Em 2010, lançamos o projeto Saúde do Amanhã, que foi se transformando e se alinhando à Agenda 2030. Em 2023, acompanhamos o processo global que nos projeta até 2050”, explicou Gadelha, destacando o olhar atento da instituição para os avanços em tecnologias voltadas à saúde.
- Confira abaixo a participação de Talon e de Edde a partir de 2º30'40":