
Painel "Desafios e soluções urbanas para as grandes metrópoles", na Arena FirjanFoto: Pedro Kirilos
Os desafios e soluções urbanas para as grandes metrópoles foi um dos temas debatidos no Rio Construção Summit nesta quarta-feira (24/9). O painel reuniu, na Arena Firjan, os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; de Buenos Aires, Jorge Macri; de Porto Alegre, Sebastião Melo; além da secretária de Desenvolvimento Econômico da Cidade do México, Manola Zabalza Aldama.
Moderado pelo coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio, Ilan Cuperstein, os gestores apontaram a necessidade de integrar habitação, mobilidade e infraestrutura em políticas urbanas capazes de tornar as metrópoles mais inclusivas, sustentáveis e humanas.
Paes defendeu a revitalização das áreas centrais como caminho para conter a expansão desordenada das cidades. “O custo da expansão urbana é enorme: mais asfalto, mais iluminação, mais coleta de lixo. Revitalizar áreas centrais é mais barato e devolve vitalidade à cidade”, afirmou.
Ele destacou ainda a importância de resgatar o Centro da capital fluminense. “O Centro do Rio não é só o centro da cidade, é o centro da história do Brasil. É nele que precisamos investir”, disse, ressaltando que programas habitacionais devem estar em regiões consolidadas. “Não podemos repetir o erro de implantar habitação popular em áreas sem serviços. O ‘Minha Casa Minha Vida’ precisa estar próximo ao emprego e à infraestrutura”, completou o prefeito carioca.
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Painel contou com participação de prefeitos sul-americanos | Foto: Pedro Kirilos/Firjan |
O prefeito da capital argentina reforçou a necessidade de conciliar preservação e modernização. “Cuidar da tradição não é adorar as feridas, é preparar o solo para novos usos”, afirmou. Segundo ele, revitalizar áreas degradadas devolve identidade às cidades. “Recuperar áreas centrais dá orgulho e devolve identidade aos cidadãos. É preciso coragem para romper a inércia e permitir transformações”, destacou Macri.
Já a secretária da capital do México chamou atenção para a questão do tempo de deslocamento e da moradia digna. “Habitação é um direito, mas não basta estar na lei: é preciso que seja executado”, disse. Ela criticou o modelo das chamadas cidades-dormitório. “Não podemos aceitar que milhões de pessoas passem três horas para ir e três para voltar do trabalho. O tempo é o recurso mais precioso das grandes metrópoles”, frisou Manola.
Por sua vez, o prefeito gaúcho lembrou que o déficit habitacional é um problema de décadas. “É um desafio que não se resolve em um único governo”, afirmou. Ele ressaltou que a construção de moradias deve vir acompanhada de serviços urbanos. “Os projetos habitacionais precisam vir acompanhados de escolas, creches, transporte e serviços públicos”, disse. Melo também defendeu maior descentralização de recursos. “As cidades lidam diretamente com os problemas, mas os recursos estão concentrados em Brasília. É preciso rever o pacto federativo”, concluiu Melo.
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Luiz Césio Caetano (Firjan) e Claudio Hermolin (Sinduscon-Rio) acompanharam o debate | Foto: Pedro Kirilos/Firjan |