O Conselho Empresarial de Relações Internacionais reuniu-se, nesta terça-feira (24/6), para ouvir a especialista Marta Fernández, diretora do Brics Policy Center, que apresentou um panorama geral e geopolítico das expectativas da presidência brasileira no Brics neste ano. A reunião da cúpula será realizada nos dias 6 e 7/7, na cidade do Rio.
Ricardo Keiper, vice-presidente do Conselho, pontuou a importância do tema, principalmente devido à proximidade da reunião do Brics, grupo de 11 países membros que tem como objetivo a cooperação econômica e o desenvolvimento em conjunto.
“A apresentação foi extremamente relevante. Todos os aspectos foram tratados de uma forma equilibrada e cristalina, o que ajudará a nortear bastante o dia a dia das empresas”, acentuou Keiper.
Marta Fernández disse acreditar que o Brics oferece oportunidades de diversificação de parceiros, ao comentar um dos pontos centrais da presidência brasileira no Brics. “O que a gente tem hoje é o Brasil como membro pleno da América Latina e uma expansão para a Ásia muito grande. Agora acabaram de entrar a Indonésia e a Vietnã”, enfatizou.
Com extensa experiência docente e filiada à Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) e à International Studies Association (ISA), a professora acrescentou que acredita na possibilidade de que se abram oportunidades nas relações com o Brasil, comercialmente, sobretudo, em relação aos países asiáticos.
Para Marta, o que esses países fundamentalmente buscam no Brics é uma maior autonomia e uma possibilidade de diversificar parcerias.
"Essa diferença vem sendo, de alguma forma, apropriada e ressignificada, e esses países vêm entendendo a diferença como a grande riqueza do Brics, que respeita as várias formas de organização política, econômica e as diversas línguas”, acentuou.
A especialista destacou algumas das principais agendas que devem constar desse encontro no Brasil. “Um dos movimentos centrais que está sendo colocado pela diplomacia brasileira é a construção de uma agenda propositiva, positiva, voltada para a resolução de problemas concretos".
A reforma da governança global em todos os planos, como na segurança e na área comercial, também vai estar muito presente nessa cúpula, de acordo com a especialista.
“A pauta do multilateralismo é central, o que reflete a visão reformista do Brics. Ou seja, é o Brics que mais defende o sistema multilateral”, acentuou Marta, salientando que o enfrentamento às desigualdades, o financiamento climático e governança da inteligência artificial, com maior regulação para o uso ético dessa tecnologia, também devem fazer parte da agenda da cúpula do Brics formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.