Concessões municipais, parcerias público-privadas (PPPs) e o projeto de interligação da Lagoa Rodrigo de Freitas ao mar foram os temas discutidos na reunião do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan, em 12/9. Os diversos projetos de concessão da Prefeitura do Rio de Janeiro foram apresentados por Gustavo Guerrante, diretor-presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), da Prefeitura do Rio de Janeiro. Para falar sobre o projeto Lagoa Balneário, esteve o professor da Coppe/UFRJ, Paulo Cesar Rosman.
“Somos defensores das concessões nesta casa há muitos anos. Dos projetos em estudo na área de transportes, é fundamental considerar a bilhetagem única incluindo todos os modais. Essa integração parece impossível ser feita aqui, embora ocorra no mundo inteiro. A parceria com o BNDES nessa questão seria importante, pois o banco realizou estudos sobre o tema”, sugeriu Mauro Viegas Filho, presidente do Conselho.
O presidente da CCPar disse que a bilhetagem única está no radar da Prefeitura e vai ser discutida com os stakeholders envolvidos. A companhia foi criada no ano passado para dar continuidade ao trabalho da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto, o que permitiu o lançamento de mais de 6 mil unidades residenciais, das quais 4 mil já vendidas. “Em quatro anos, teremos uma mudança grande no perfil de habitação na região. No último censo havia 24 mil moradores, devendo chegar a 45 mil. Dentre os novos projetos, os de maior impacto para a infraestrutura urbana são os projetos de substituição dos BRTs Transoeste e Transcarioca para VLT e o VLT para a Zona Sul, ligando o Centro à Zona Sul, passando pela Glória, Botafogo, Jardim Botânico, chegando ao metrô da Gávea”, adiantou Guilherme.
Sobre o Terminal Gentileza, que está sendo construído pela Prefeitura na área do Gasômetro, Guerrante detalhou alguns pontos, como a chegada do BRT Transbrasil, do VLT e dos ônibus convencionais ao terminal. Empresários pediram mais transparência e uma reunião com a CCPar para analisarem os impactos da influência do Terminal Gentileza e do BRT Transbrasil no trânsito da região do terminal e da Av. Brasil, onde, segundo os empresários, os engarrafamentos já se estendem para a região de Niterói e afetam diretamente os veículos de carga que saem do Porto do Rio. Viegas disse que a Firjan pretende organizar essa reunião entre os empresários e a Prefeitura sobre o terminal.
Outra frente da CCPar é a concessão do Hospital Salgado Filho para atividades administrativas e outras não médicas. O modelo já foi adotado no Souza Aguiar de forma satisfatória, segundo opinião do presidente da companhia. Há ainda o projeto de ligação aquaviária Marina da Glória-Galeão. Se implantado, poderá ser uma boa opção de ligação para o Aeroporto Internacional.
Já em relação à Lagoa Rodrigo de Freitas, foram trazidos pelo professor Paulo Cesar Rosman, que pesquisa o assunto há bastante tempo na Coppe/UFRJ, projetos de revitalização de sua ligação com o mar. “Caso o canal do Jardim de Alah tenha seu fluxo interrompido, a Lagoa, em uma forte chuva no Rio de Janeiro, deixará de contribuir com o armazenamento das águas, inundando a Gávea e o Jardim Botânico. Por esse motivo, é preciso remover constantemente a areia do canal de Alah. Esse movimento causou um déficit de areia nas praias de Ipanema e Leblon. Além disso, o excesso de nutrientes deixa as águas da lagoa turvas e causa mortandade de peixes”, resumiu Rosman.
Foram apresentadas duas propostas: uma que prevê o alargamento do canal, com a construção de enrocamento na praia para a proteção do canal, e uma segunda proposta que prevê a instalação de dutos submersos, onde ambos os projetos possibilitariam reestabelecer a vazão demandada de troca hídrica entre a Lagoa Rodrigo de Freitas e o mar. Ambos os projetos têm investimento estimado na ordem de R$ 350 milhões. Foi observado por Guerrante que o projeto é um complemento à licitação realizada pela Prefeitura sobre a exploração da área do Jardim de Alah, que não contempla a área do canal.