O Conselho de Infraestrutura da Firjan recebeu, em 16/9, Alexandre Accioly e Miguel Antônio Pinto Guimarães, representantes do Consórcio Rio+Verde, vencedor da licitação da parceria público-privada (PPP) responsável pela revitalização e gestão do Jardim de Alah, na zona sul do Rio, para apresentarem a proposta.
Com previsão de conclusão no primeiro trimestre de 2027, o projeto tem custo estimado de R$ 150 milhões — valor superior aos R$ 120 milhões inicialmente previstos, em razão de liminares relacionadas ao corte de árvores, questões de patrimônio histórico e paralisações ocorridas ao longo do último ano e meio. Até o momento, já foram investidos R$ 40 milhões em projetos e despesas jurídicas, e ainda restam dois recursos em julgamento antes do início efetivo das obras.
O presidente do Conselho, Mauro Viegas Filho, destacou que a reunião foi realizada para divulgar esse projeto de grande relevância para a cidade. “Ele é importante para a revitalização daquela área que fica no meio de dois bairros tão emblemáticos e que precisa de um melhor aproveitamento. O projeto é todo em prol do meio ambiente e não contempla nenhum espigão”, ressaltou.
Alexandre Accioly afirmou que é preciso cada vez mais pensar no Rio e praticar o desenvolvimento. “Pensar que o empresário, em parceria com o poder público, pode criar projetos disruptivos, inovadores e que possam incentivar a melhor qualidade de vida do carioca e a maior atratividade e experiência do turista na cidade. Projetos como o do Jardim de Alah e o do Roxy têm essa função e esse propósito. E nós debatermos esse tema na Firjan é mais uma importante oportunidade para estarmos defendendo e levando a verdade sobre esse projeto”, acrescentou o empresário.
Já o arquiteto Miguel Pinto Guimarães, um dos autores do projeto, apresentou um histórico de décadas de abandono do Jardim de Alah, além das diversas promessas e tentativas frustradas de revitalização do local, e explicou que a proposta foi construída de forma colaborativa, com contribuições da comunidade do entorno, incluindo demandas da Cruzada São Sebastião, no Leblon.
A ideia é criar um museu a céu aberto, com peças arquitetônicas famosas e restauro ambiental do bioma de restinga, aumentando em 94% a superfície verde. O projeto elimina as grades que cercam o espaço desde sua inauguração, aproximando a população e desenvolvendo o jardim à cidade. “A minha função urbanística é trazer o povo de volta para o espaço público, para a praça pública”, enfatiza Guimarães.
Ao contrário de que algumas liminares argumentam de que todas as árvores serão cortadas, o arquiteto explicou que foram suprimidas apenas 12% das espécies arbóreas de todo o Jardim de Alah, percentual inferior aos 18% permitidos por lei, e que haverá o plantio de 40% a mais de novas espécies, garantindo um parque arborizado e sombreado. O desenho urbanístico prevê dois níveis: o boulevard junto ao canal e, acima dele, a área verde. As construções ficarão em nível inferior, sem interferir na paisagem.
“O parque vai ser separado em duas alturas, o Boulevard que é na beira do canal e o parque um nível acima. Tudo o que é construído fica embaixo da área verde. Na margem direita vão ser construídos os equipamentos sociais, como três quadras poliesportivas, ginásio, creche municipal, biblioteca, além de comércio, banheiros e estacionamento”, ressaltou, complementando que o projeto também prevê a construção de uma ciclovia maior.
Representando o Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio de Janeiro, a presidente Marcela Abla reforçou a relevância da proposta: “esse trabalho mostra a importância do projeto de arquitetura, o do planejamento urbano. Entendo que é uma possibilidade, através de um projeto de arquitetura, de retomar uma área da cidade”.