
Paulo Roberto Furio, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Firjan SENAI SESIFoto: Paula Johas
A Firjan SENAI promoveu, em 17/11, a 1ª Conferência de Economia Circular Aplicada a Fibras e Têxteis, reunindo especialistas, representantes da indústria e centros de pesquisa para discutir caminhos inovadores e sustentáveis para o setor têxtil e para cadeias produtivas associadas, como a automotiva e a de defesa. O encontro na Casa Firjan foi estruturado em três grandes painéis temáticos: circularidade na mobilidade; sustentabilidade; e circularidade na indústria têxtil.
O gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Firjan SENAI SESI, Paulo Roberto Furio, destacou o esforço do setor têxtil e de confecção brasileiro na adoção de práticas sustentáveis: “O setor vem construindo, ao longo dos anos, um diferencial competitivo importante frente à Europa e aos Estados Unidos. Divulgamos pouco essa força, mas temos uma indústria muito mais comprometida com sustentabilidade do que concorrentes globais”, enfatizou.
Furio salientou ainda que a Firjan SENAI, por meio de seus Institutos de Inovação, tem ampliado parcerias com universidades e empresas para desenvolver fibras, materiais sustentáveis e soluções tecnológicas para setores como automotivo, construção civil e papel e celulose.
“A economia circular abre um campo enorme de inovação. Projetos realizados pela área de fibras têm mostrado o potencial de transformar resíduos em novos insumos de alto valor”, disse o gerente.
Já Eric Cardona, coordenador de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Firjan SENAI Parque Tecnológico, abriu o evento destacando a urgência de incorporar modelos circulares ao setor. Segundo ele, a indústria têxtil, embora estratégica para a economia global e nacional, ainda tem desafios importantes pela frente, mas já registra avanços consistentes na redução de impactos e na transição para modelos mais sustentáveis.
“Falar de circularidade no setor têxtil é falar de novos modelos de negócio, de reutilização, remanufatura e reciclagem avançada. É integrar tecnologia, inovação aberta e responsabilidade compartilhada entre indústria, governo, academia e consumidores”, afirmou. Cardona ressaltou que a transição para a economia circular não é mais opcional: trata-se de uma condição essencial para aumentar competitividade, abrir novos mercados e reduzir impactos ambientais.
O primeiro painel — Circularidade na Mobilidade — foi moderado por Thiago Santiago Gomes, especialista em transferência tecnológica do Instituto Nacional de Tecnologia e professor em programas de pós-graduação ligados a resíduos, impactos ambientais e economia circular. Participaram do debate: Alexandre Aquino, vice-presidente de Economia Circular da Stellantis para a América do Sul; Walter Ferreira, diretor de Tecnologia e Inovação do Cluster Automotivo Fluminense; e Juliana Leite, CEO da Ideal Peças e diretora da Associação dos Desmontes Veiculares de Minas Gerais.
Thiago Santiago avaliou o avanço do setor automotivo na adoção de práticas sustentáveis e de logística reversa. Segundo ele, a indústria vive um momento de transformação impulsionado por eletrificação, digitalização e maior responsabilidade sobre o ciclo completo dos veículos. Materiais têxteis e fibrosos, amplamente utilizados em revestimentos internos, carpetes, isoladores e compósitos estruturais, tradicionalmente acabavam em aterros ao fim da vida útil dos automóveis.
“A circularidade permite projetar materiais recicláveis desde a origem, recuperar componentes por meio de desmontes inteligentes e reinseri-los na cadeia com alto valor agregado”, destacou o mediador. O debate analisou ainda um case que conecta dois setores estratégicos — defesa e automotivo — mostrando como processos circulares reduzem emissões, economizam recursos e criam novos modelos de negócio baseados em remanufatura e reutilização.
Os debates seguiram com o Painel 2, dedicado à Circularidade na Indústria Têxtil, moderado por Fernando Pimentel (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção - Abit) e com a participação de Marcello Piovezan (De Millus), Paulo Sensi Filho (EuroFios), José Guilherme (Cotton Move) e Micheline Teixeira (R-Inove), que compartilharam diferentes visões e experiências sobre práticas circulares no setor. Na sequência, o Painel 3 abordou o tema Sustentabilidade na Área de Defesa, sob moderação de Marcos Dias (Firjan SENAI), reunindo Victor Gallo (Protecta), o Cel PM Eduardo Anjo (Polícia Militar do Rio de Janeiro) e o general Flávio Marcus Lancia Barbosa (Exército Brasileiro e futuro ministro do Superior Tribunal Militar), que discutiram iniciativas e desafios para tornar o segmento mais sustentável.