
Imersão educacional no ChileFoto: divulgação
Grandes nomes da educação chilena, considerados também expoentes da Educação na América Latina, como Cristián Cox, líder da reforma educacional do Chile na década de 90 e José Joaquín Bruner, diretor da Cátedra UNESCO de Políticas comparadas de Ensino Superior, compartilharam mais de 20 horas de debates com a missão brasileira, durante a semana de trabalho no exterior. “Entre tantas oportunidades de troca e aprendizado, foi muito inspirador ouvir e debater com protagonistas do sistema de educação do Chile, cujo índice de conclusão do Ensino Médio é de 93,4%, o melhor da América Latina. Estes momentos de compartilhamento e reflexão junto aos gestores públicos de educação do Brasil, sobre como evoluir iniciativas que sejam aplicáveis em nossos estados são, sem dúvida, muito importantes dentro do contexto proposto pela Firjan SESI na busca por uma Educação de resultados mais positivos em nosso país” aponta Vinícius Carvalho Cardoso, diretor de Educação e Cultura da Firjan SENAI SESI.
Diferenciais do Chile
Mas o que diferenciaria positivamente o Chile no cenário de educação da América Latina? Para Cristián Cox, sociólogo, estudioso sobre os desafios da formação para a cidadania nos sistemas educacionais latino-americanos, que atuou diretamente no Ministério da Educação do Chile durante a reforma de 90 e que dirige a Secretaria Técnica da Estratégia de Ensino para a América Latina da UNESCO, “por trás da discussão que expõe políticas e ideologias contrastantes, a grande graça da história da política educacional chilena é que, apesar de virmos de rupturas das práticas adotadas durante a ditadura, também adotamos algumas transições e, portanto, a política educacional do país é cumulativa e convergente. Os ziguezagues políticos não alterarão um curso evolutivo cumulativo para a nação”, defende Cox.
Evasão
A comitiva brasileira no Chile, formada por educadores da Firjan SESI, especialistas do PNUD, secretários e representantes das secretarias estaduais de Educação do Brasil, teve oportunidade de se aprofundar em contextos do sistema educacional chileno e políticas relacionadas à permanência na escola. A visita ao país vizinho, contextualizada em uma proposta maior da Firjan SESI, propõe o fomento de discussões e práticas que gerem contribuições à educação no Brasil.
Em pesquisa recente, feita com a parceria do PNUD, dados do estudo "Combate à evasão no Ensino Médio: Desafios e oportunidades", mostram que apenas seis em cada 10 brasileiros concluem esse ciclo. “A evasão gera custos diretos e indiretos de R$ 220 bilhões anuais ao país. Concluída a etapa da pesquisa, seguimos com a mobilização dos secretários estaduais de Educação acerca da relevância do tema. Além de realizarmos um seminário com participação de todos os estados para essa discussão, lançamos cinco cadernos temáticos, contendo um repositório de práticas nacionais e internacionais, para inspirar nossos gestores e desenvolvedores de políticas públicas educacionais”, diz Andréa Marinho, assessora e consultora de Educação da Firjan SESI.
Imersão
Os painéis apresentados aos visitantes exemplificaram trabalhos de pesquisa e práticos sobre evasão e frequência escolar; transição do ensino médio para a educação superior; políticas para prevenção à evasão com foco no apoio ao estudante; políticas de gestão do sistema escolar; inovação curricular, entre outros. Antonio Roberto de Araujo Souza, secretário de Estado da Educação da Paraíba, um dos presentes na imersão, definiu como muito positiva a experiência. “Seja para entendermos que em todos os sistemas de educação há problemas e, sempre, o que melhorar; seja para nos inspirarmos em iniciativas que tragam reflexões para nossas práticas, mesmo em contextos tão diferentes, o importante é estarmos atentos à superação dos desafios da formação contemplando o desenvolvimento pleno da pessoa, seu preparo para exercer a cidadania e a qualificação desse cidadão para o trabalho. Isso vai além de boas práticas de educação e requer o apoio de outras políticas associadas”, disse Souza. “Por isso, é tão importante estarmos conectados, tanto a casos de sucesso dentro do nosso país como fora dele”, concluiu.