Conhecer seus alunos, promover a convivência, evitando o sofrimento de quem fica isolado dentro de sala de aula. Essas foram algumas das recomendações de Viviane Mosé, escritora, doutora em Filosofia e especialista em políticas públicas, no encerramento do Encontro de Educadores do Século XXI, no sábado, 28/10, promovido pela Casa Firjan. Aberto ao público, embora pensado especialmente para profissionais da área, o evento foi realizado em dois dias, 27 e 28/10, reunindo especialistas nacionais e internacionais em 30 horas de palestras e debates sobre o futuro da educação
Crítica contumaz do modelo de ensino brasileiro, em especial no Ensino Médio, Viviane Mosé falou sobre o papel da escola diante dos impasses da saúde mental na atualidade. Para a escritora, existe precipitação ao condenar a escola pública, comparando-a com instituições particulares.
Confira abaixo a palestra completa:
“Os alunos da rede privada têm melhor desempenho nos estudos porque seus pais são alfabetizados e possuem uma estrutura que os da rede pública desconhecem. A criança da escola pública só tem a escola. É lá que ela passa o dia, que ela se alimenta. E ainda assim a rede particular tem um desempenho apenas 40% superior ao da rede pública”, comentou Viviane.
Criar empatia com os alunos, expondo suas críticas ao ensino que não estimula a autonomia do estudante brasileiro, é uma maneira de conseguir o empenho de sua turma, acredita Viviane Mosé, que considera a saúde mental um dos grandes desafios da escola. “O mais importante na escola é o relacionamento, a convivência. No mundo inteiro registra-se o aumento do índice de suicídios entre crianças e jovens”, observou. É dever de toda a escola buscar a integração daquele aluno quieto, isolado, com os colegas. “A escola não pode permitir o isolamento”, disse.
Entremeando sua exposição com poemas, a educadora falou contra o excesso de rótulos para controle social dos diferentes tipos de sofrimento, que acredita serem parte da vida, muitos deles possíveis de superação sem medicamentos. Insurgir-se contra essas classificações é o primeiro passo para a boa saúde mental, diz. “O sofrimento nem sempre está na falta de dinheiro ou na fome. Reconhecer pessoas que parecem invisíveis para os outros, como moradores de rua ou pessoal da limpeza nos escritórios, faz muita diferença e reduz esse sofrimento”.