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Casa Firjan aborda excesso de informação e os ruídos da cultura digital

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Publicado em 15/05/2019 14:55  -  Atualizado em  15/05/2019 15:13

Você já se sentiu bombardeado pelo fluxo ininterrupto de informações cotidianas? Ou perdido e confuso, sem saber em qual versão dos fatos acreditar, em meio a tantos pontos de vista e discursos? Mais que isso: já se sentiu pressionado a emitir sua opinião e entrou em conflito por conta disso? Trata-se da armadilha da “espiral da verdade”.

Segundo o antropólogo Michel Alcoforado, a “espiral da verdade” é a sensação de caos e confusão que destrói nossas antigas certezas sobre o mundo. Durante a palestra “Cultura Digital e os Ruídos na Comunicação Online”, realizada na terça-feira, 14/05, na Casa Firjan, Alcoforado apresentou estudo da Consumoteca, consultoria especializada no consumidor brasileiro – da qual é sócio diretor –, que aborda o sentimento avassalador de incompreensão que toma conta de nossa cultura “infotoxicada”.

O evento fez parte do ciclo de palestras Aquário, que ocorre semanalmente na Casa Firjan. Acompanhe a agenda aqui.

A infotoxicação é o primeiro dos três pilares que definem a “espiral da verdade”. “Antigamente, o domingo era reservado a alguma leitura especial. Hoje, o domingo é o dia de correr atrás das notícias que perdemos durante a semana, porque todo hora há uma novidade saltando de nossas redes sociais. Estamos intoxicados de informação e não sabemos mais o que é mentira e o que é verdade”, alerta o antropólogo.

A pesquisa mostra que 78% dos brasileiros são incapazes de assimilar todo o conteúdo a que são expostos diariamente. Mesmo assim, nos sentimos dependentes do mundo digital. As porcentagens expressam essa dependência: 66% das pessoas acessam suas redes sociais assim que acordam e 33% postam imediatamente o que acham interessante.

Mas se por um lado as redes sociais nos sobrecarregam de informações, por outro, pondera Alcoforado, elas reverberam novos discursos, dando voz e protagonismo a outras pessoas. Temos o segundo pilar: a polifonia digital, em que novas vozes produtoras de conteúdo disputam por relevância frente à audiência. “Assistimos a uma disputa de espaço para validar o próprio ponto de vista. Proliferam-se os ‘fomentadores de opinião’. O especialista, o ‘formador de opinião’, é coisa do passado. Não importam mais os diplomas; o que importa agora é gerar barulho e cliques”, explica.

Confronto de “verdades”

Em meio à multiplicidade de opiniões que invadem nossas plataformas digitais e aos conflitos inerentes a esse cenário, nos agarramos a qualquer “boia de informação”. O último pilar da “espiral da verdade”, a “boia factual”, traduz a situação em que, ao nos vermos pressionados a assumir uma posição, construímos para nós mesmos uma verdade que não aceita outras interpretações para nos sentirmos seguros.

“O sentido se torna negociável. Ele não está mais na intenção de quem fala, mas nas possíveis intepretações para cada contexto. Não importa se tal coisa é verdade ou fake news. A versão que mais se aproximar daquilo que penso, passa a ser a minha ‘verdade’ absoluta. Mas essa segurança é sempre ilusória, pois logo surge uma nova polêmica que nos reintroduz na espiral”, destaca.

E nesse confronto de “verdades”, quais armas são mais usadas para validar o ponto de vista que nos convém? Estudos e dados, vídeos, áudios e imagens e a experiência pessoal tendem a ser os argumentos mais utilizados.

Segundo a pesquisa da Consumoteca, 54% das pessoas ouvidas não mudaram de opinião e nunca viram alguém fazer o mesmo. “Nossos valores passam a ter mais relevância do que a própria informação. Por isso, mudar de ponto de vista se torna cada vez mais difícil. A conclusão é que estamos perdendo nossa capacidade de dialogar”, alerta.

Excesso de conteúdo e inovação

Com tanta informação, prender a atenção do público também se torna um desafio constante. Nessa acirrada guerra por atenção, é fundamental inovar nos conteúdos e formatos para se diferenciar.

Após a apresentação de Alcoforado, Paula Mascarenhas, senior creative producer do BuzzFeed, falou sobre produção de conteúdo digital. Paula contou um pouco sobre a trajetória do site, pioneiro no formato de lista e conhecido pelos seus quizzes. “É preciso estar sempre ‘escutando’ a Internet e produzindo conteúdos antenados com o que está fervilhando nas redes. Estamos atentos a isso e sempre aprendendo. Testar, aprender e inovar: esta é a fórmula para capturar a atenção”, sintetiza.

Para Paula, a produção de conteúdo, em vez de se dar a partir do mainstream para chegar ao indivíduo, deve começar por este último. “Quando produzimos já pensando no usuário, a mensagem chega de forma muito mais potente no mainstream. O conteúdo tem que ser feito por pessoas para pessoas e não se trata de alcançar audiência, mas sim de representá-la”.

Conteúdos patrocinados também precisam trazer algum valor para o público, se comunicando de igual para igual. “Quando seguimos essas diretrizes, as pessoas se conectam verdadeiramente. O que é compartilhado, na verdade, não é conteúdo, mas sim identidade”, enfatiza.

A próxima palestra do ciclo Aquário é “Como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas”. Participe!
 

 
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