A emoção, o vínculo e o funcionamento do cérebro foram os principais temas da discussão sobre a relação entre neurociência e a aplicação na educação, no AquárioEdu Casa Firjan, realizado na terça-feira, 23/07. No evento “Caminhos da Aprendizagem: explorando a neurociência na educação”, especialistas debateram o que de fato é preciso saber sobre o tema para ampliar o conhecimento acerca da ciência da aprendizagem.
Os palestrantes, mediados por Geovane Barone, analista de Inovação Educacional da Casa Firjan, avaliaram ainda questões, como neuromitos (informações erradas a respeito da neurociência), estresse e aprendizados visuais, auditivos e sinestésicos.
Camila Mamede, consultora educacional e professora, especializada em desenvolver soft skills em educação, destacou que não existe nenhum processo de aprendizagem, decisório, que seja isento de emoção.
“Projetamos as nossas ações, escolhemos as nossas ações à luz das nossas próprias experiências. Nós somos um conjunto de memórias respondendo ao presente. Isso significa que, em cada situação, nos apropriamos dessas memórias e fazemos escolhas a partir de reforços ou das cobranças que tivemos. Falar de emocionalidade é falar do que nos move”, afirmou ela, que atua na empresa Tangibiliza, uma consultoria e Escola de Habilidades Humanas.
Segundo esclareceu, em toda decisão racional vai haver emoções. E em toda emoção, o processo de decisão no córtex pré-frontal vai estar acionado para que a pessoa decida da melhor maneira à luz do que já viveu.
Adriana Fóz, neuropsicóloga, palestrante, educadora especialista em emoções e diretora da NeuroConecte, destacou a importância dos professores, ao falar sobre neuroplasticidade do cérebro. Segundo ela, é na aprendizagem que acontecem as principais reorganizações e reformulações que nos capacitam e que nos blindam.
“A leitura, a escrita e novas formas de ensinar e de aprender protegem o cérebro. É aprendendo coisas novas que nos protegemos”, explicou, após destacar que ser educadora de formação a ajudou muito na reabilitação, após sofrer um AVC aos 32 anos.
Adriana Foz desmistificou o principal neuromito da educação, que dissemina que usamos apenas 10% do cérebro. Camila Mamede complementou explicando que, se o cérebro, com seus 86 bilhões de neurônios, resolvesse funcionar só 10%, estaríamos vegetando, já que todas as funções do ser humano vêm do cérebro.
A diretora da NeuroConecte reforçou que entender que a primeira tomada de decisões do cérebro é emocional amplia o aprendizado. “O ambiente que criamos dentro de uma escola, o tipo de oferta que fazemos, o afeto que damos cria mais conexões, mais possibilidades, mais arborização no cérebro”, pontuou.
Geovane Barone concordou que o pensamento sensível vem primeiro. “Só depois da emoção os neurônios fazem sinapses, processam conscientemente os sentimentos para virar consciência cognitiva”.
Camila Mamede destacou que os estímulos de aprendizagem são visuais, auditivos e sinestésicos, recebidos pelo tato e sensações. No entanto, ressalta que somos tudo isso, mas nosso aprendizado depende do que mais foi estimulado em nossas vidas, como a audição se o estudante foi estimulado pela música. A professora salientou que, na sala de aula, faz o máximo para que o aluno goste dela, porque sabe que se ele gostar a probabilidade de aprender é muito grande.