Sentimentos, emoções, empatia, fortalecimento de relações interpessoais. Diante de um cenário em que a tecnologia parece empurrar para longe esses elementos tão humanos, são justamente as características próprias de nossa espécie que os novos líderes do mercado de trabalho devem aprimorar.

Esse olhar para as próprias emoções e sua importância diante da acelerada transformação tecnológica foram temas do Summit Firjan IEL. O evento foi promovido pela Firjan IEL, a escola de negócios da indústria, na Casa Firjan, com o objetivo de discutir novas formas de liderar.

O encontro teve início com a apresentação do holandês Christian Kromme, conceituado futurista, empresário e autor do livro best-seller Humanification - Go Digital, Stay Human. Para exemplificar a velocidade com que o mundo tem mudado e os efeitos dessas reviravoltas tecnológicas, Kromme comparou a ansiedade sentida pelas lideranças atuais diante das mudanças com a de alguém em uma praia ao ver uma gigantesca onda se aproximando. “É um maremoto de disrupção”, exemplificou.

summit_christian_mat_ria.jpg O futurista Christian Kromme propõe como obrigatório um compromisso com a inovação na gestão das empresas | Foto: Guarim de Lorena

Para “surfar” essa onda, aproveitando sua força sem ser arrastado por ela, Kromme propõe como obrigatório um compromisso com a inovação na gestão das empresas. Permanecer na chamada zona de conforto não é uma opção, já que, segundo o futurista, não há ramo de negócios que permanecerá imune à revolução tecnológica.

A velocidade das mudanças, aliás, foi outro ponto destacado com ênfase pelo palestrante. Kromme lembrou que outros períodos de transformação da história foram menos abruptos, levando algumas gerações até se consolidarem. O cenário atual, mais instável e imprevisível, se dá por disrupções em sequência - em um período entre 5 e 10 anos, inovações surgem para derrubar a tecnologia anterior e torná-la obsoleta.

Nesse ritmo, as etapas da evolução tecnológica - que Kromme compara à evolução dos seres vivos na natureza - já mostram a maturidade da inteligência artificial, além das possibilidades que surgem com a consolidação da realidade aumentada. Para o futurista, a tecnologia permitirá às organizações aprender em tempo real, algo que parecia ser uma característica exclusiva do homem.

Diante desse cenário, em que a revolução tecnológica pode acabar com mais de 5 milhões de empregos, qual seria, então, o lugar da nossa espécie no futuro do trabalho? Para Kromme, está justamente na busca pelo que nos torna diferente da tecnologia. O líder do futuro tem de saber lidar com seus sentimentos, usar sua imaginação e fortalecer suas relações. Assim poderá trabalhar junto com as novas ferramentas, sem ter seu papel substituído pelo “maremoto” descrito pelo futurista.

summit_facilita__o_mat_ria.jpg Promovido pela Firjan IEL, evento trouxe especialistas para tratar de novas formas de liderança em um mundo em transformação | Foto: Guarim de Lorena

Em vez de calar as emoções, desenvolvê-las

Um dos problemas de deixar aflorar nossas emoções tem a ver com a forma com que lidamos - ou, neste caso, deixamos de lidar- com os sentimentos. Se o nosso papel no mercado de trabalho do futuro está relacionado ao que nos torna mais humanos, teremos de desenvolver as chamadas soft skills, competências sócio-emocionais que se tornam decisivas nesse novo cenário.

Pioneira em cursos de extensão em neurociência no Brasil, a neurocientista Carla Tieppo, também palestrante no Summit Firjan IEL, criticou o entendimento de que é preciso calar as emoções na vida profissional. “Precisamos trabalhar com o desenvolvimento emocional. Isso não tem nada a ver com o controle das emoções. Não estamos falando de regras, de processos, de disciplina”, analisou.

summit_carla_mat_ria.jpg A neurocientista Carla Tieppo criticou o entendimento de que é preciso calar as emoções na vida profissional | Foto: Guarim de Lorena

Para Carla, é preciso desacelerar o processo de desenvolvimento das lideranças, justamente para que tenham tempo para aprender a gerir suas emoções sem abafá-las: “É um momento de formação em que a pessoa pode colocar sua energia no encontro do seu propósito. Em vez de ter a obsessão por subir rápido na carreira, ela pode entender como quer transformar o mundo com sua presença”.

Gerente de Conteúdo Casa Firjan/IEL, Maria Isabel Oschery fez um balanço positivo do Summit Firjan IEL: “A inovação depende muito dessa cabeça de liderança, de preparar o líder para aplicar essa inovação. Nesse sentido foi importante essa aproximação da Firjan IEL com a Casa Firjan, que tem esse foco em inovação. Recebemos avaliações muito positivas. As pessoas ficaram bastante motivadas e inspiradas com o que ouviram”.

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