Publicado em 30.07.2018

Abaixo da média em rankings mundiais de Matemática, como o Pisa 2015, o Brasil tem um longo caminho pela frente. Todos os anos, milhares de profissionais chegam ao mercado de trabalho sem dominar fundamentos básicos da disciplina. Um cenário com impacto direto na empregabilidade e na eficiência da indústria.

Segundo pesquisa de 2017 do movimento Todos Pela Educação, apenas 7,3% dos brasileiros atingem o conhecimento adequado em Matemática no Ensino Médio. No cotidiano, o problema representado pela estatística aparece concretamente em atividades básicas para qualquer negócio, como em compras ou no controle das finanças. Do mesmo modo, essa limitação prejudica profissionais que não conseguem passar por testes de raciocínio ou lidar com conceitos matemáticos. Não custa lembrar que a disciplina está intrinsecamente ligada a importantes inovações tecnológicas, como inteligência artificial e machine learning.

Foi nesse contexto que surgiu, em 2012, o programa Firjan SESI Matemática, iniciativa da Firjan SESI para retirar a aura de bicho-papão da matéria. Dos espaços físicos à formação dos professores, a educação básica passou por uma reforma completa nas escolas da rede. Seis anos mais tarde, os resultados positivos já são vistos por alunos e educadores.

O desafio de deixar a Matemática mais amigável começou no Rio de Janeiro e já está presente em mais sete estados. Em suma, o plano é formar jovens preparados para um mercado de trabalho competitivo, por meio de uma abordagem instigante e lúdica. Na sala de aula, a mudança é grande, com mais tecnologia, materiais concretos, jogos e raciocínio lógico, sem o fantasma da “decoreba”. As equações e fórmulas continuam presentes, mas agora são relacionadas ao cotidiano.

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Um dos pontapés iniciais para o Firjan SESI Matemática foi a pesquisa “O que falta ao trabalhador brasileiro” (2011), feita pela Firjan. O levantamento apontou que 90% das empresas têm dificuldades para encontrar profissionais capazes de lidar com o básico, como resolver problemas, interpretar dados e agir face a imprevistos. Todas habilidades que poderiam ser desenvolvidas criativamente na educação básica.

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Para Ticiane de Oliveira, professora de Matemática na Escola Firjan SESI Resende, uma Matemática amigável começa por envolver os estudantes e trazer um novo olhar sobre a disciplina, sem tabus. Há treze anos em salas de aula, a educadora percebe que o ensino precisa ser dinâmico para ser eficaz.

— O que busco é despertar a atenção dos alunos. Eles precisam se sentir ativos em sala de aula e participar do processo de aprendizado. Deixamos as aulas tradicionais um pouco de lado e apresentamos outros métodos, a partir de computadores e games. Aliás, alguns desse jogos são construídos por eles mesmos — observa Ticiane.

Poucos anos após a implementação dessa Matemática mais prática e interessante, a Firjan SESI já tem encontrado bons resultados. De acordo com estudo feito entre Firjan e Fundação Coppetec, da COPPE UFRJ, 78,3% dos estudantes afirmam que o programa, com jogos e materiais concretos, aumenta o interesse na disciplina.

Na prática, o índice se reflete em histórias como as de Alexandre Gomes, aluno do nono ano na Escola Firjan SESI Duque Caxias. Aos 14 anos, o estudante já é medalha de ouro na olimpíada Canguru de Matemática, um dos principais torneios do mundo sobre o assunto, e único aluno da rede premiado na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) em 2017. O êxito na disciplina vem da possibilidade de aplicar o que aprende já no colégio.

— No xadrez, na robótica ou com um pedaço de papel, temos aqui na Escola Firjan SESI a oportunidade de integrar a Matemática ao dia a dia e às outras matérias. Não são apenas exercícios, cálculos e livros, aprendemos como a teoria se encaixa nas situações reais — explica Alexandre.

Por meio da robótica na Escola Firjan SESI Resende, o estudante Anderson Guerra, de 17 anos, conseguiu ver sentido nos números. Cursando o Ensino Médio com técnico em Mecatrônica, ele participou de campeonatos na área e alcançou o primeiro lugar em Matemática no simulado Enem da rede no Rio de Janeiro. Com o vestibular em mente, o aluno considera a contextualização a forma mais efetiva de aprender.

— As competições de robótica me ajudaram a entender o contexto da Matemática. Para as provas de universidades, tenho utilizado os livros didáticos sugeridos pela escola. Por aqui, até esse material é voltado para aplicações reais da disciplina — pontua Anderson.

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Matemática nos detalhes do dia a dia

De 1 a 9 de agosto, o Rio vai receber o Congresso Internacional de Matemáticos, o maior do mundo e pela primeira vez no Hemisfério Sul, realizado no Riocentro. No evento, a Firjan SESI vai apresentar na íntegra os resultados da pesquisa de impacto do programa Firjan SESI Matemática nas escolas em que foi implementado.

Segundo Vinicius Mano, analista de educação da Gerência de Educação Básica da Firjan SESI, estar no maior congresso do mundo sobre o assunto vai ser uma oportunidade de divulgar os efeitos positivos do programa.

— Temos buscado uma abordagem não-cartesiana, diferente, que tire essa cara feia dada à Matemática. Os estudantes têm liberdade para desbravar os recursos digitais. Tivemos uma aluna do sexto ano que explorou a plataforma de games on-line até chegar ao conteúdo do Ensino Médio. O comportamento dela foi tão incrível que a desenvolvedora do software, em Londres, resolveu presenteá-la com uma medalha — conta Vinicius.

Além de dados sobre o impacto do programa, o congresso no Riocentro também tem presença confirmada da Arena Firjan SESI Matemática, exposição interativa para experimentar as Exatas de modo criativo. Por lá, vão estar nove atividades matemáticas para o público se envolver, como games, quebra-cabeça 3D, xadrez gigante e labirintos. Cada estrutura exemplifica como a disciplina não precisa ser temida. Ao contrário, demonstra como ela está presente no cotidiano e pode até ser prazerosa.

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