A apresentação do Relatório de Perspectivas Econômicas para América Latina e Caribe (ALC) 2023 do Fundo Monetário Internacional reuniu na Firjan, em 14/11, Rodrigo Valdes, diretor do FMI; Rodrigo Santiago, presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais da federação; Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda; e economistas ligados à PUC-RIO e ao Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento. De um modo geral, a avaliação do FMI é que a região está indo bem, tendo parte dela, que inclui o Brasil, tido uma grande recuperação pós-Covid.
“É uma satisfação a parceria da Firjan com o FMI desde 2017. Temos a vocação de pensar, produzir conteúdo de qualidade e debater sobre o Rio de Janeiro e o Brasil. Também consideramos o atual momento positivo, principalmente com a recriação do Ministério da Indústria e Comércio, que foi nosso primeiro pleito atendido pelo novo governo. Precisamos trabalhar numa agenda com todo o setor privado sobre a nossa defesa de interesse”, declarou Santiago.
O relatório trata de Indicadores como inflação, desenvolvimento econômico, taxas de juros, déficit fiscal entre outros. O Brasil é agrupado no LA5, ao lado de México, Chile, Colômbia e Peru, países que possuem características semelhantes. “Após uma recuperação mais forte do que o esperado da pandemia e resiliência contínua no início de 2023, o crescimento econômico na América Latina e no Caribe (ALC) está suavizando à medida que o efeito de políticas mais rígidas de combate à inflação está se consolidando e o ambiente externo enfraquecendo”, destacou Valdez.
O diretor do FMI disse que a projeção é que o crescimento econômico da ALC diminua este ano para 2,3% contra 4% em 2022. Já no caso do Brasil, acredita numa revisão para cima, para 3,1%, já que em 2022, teve um resultado pior. Valdes ressaltou também o déficit fiscal alto na região e a necessidade de políticas para alavancar o comércio exterior como tarifas alfandegárias, logística e infraestrutura melhores. A falta desses fatores causou a queda das exportações do Mercosul por exemplo. “Outro desafio é a segurança pública. A região tem a maior taxa de crime que o resto do mundo. Isso tem efeito na produtividade e no investimento. E seria preciso um investimento maior no sistema de suporte social”, disse Valdes.
Já a secretária do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, lembrou que a aprovação recente do Arcabouço Fiscal e da primeira votação da Reforma Tributária foram avanços. “Essas medidas vão ser um dos temas mais importantes para a indústria se tornar mais competitiva. Entre elas, a desoneração completa das exportações. Trabalhamos também com programas estruturais e de crescimento ligado ao combate à mudança climática com justiça social”, resumiu.
No painel sobre o relatório, o professor Márcio Garcia, da PUC-Rio, pontuou que uma questão fundamental são os investimentos. “Poupa-se pouco já que há um espaço pequeno, devido ao déficit público. Isso sem falar na qualidade do investimento. É preciso melhorar o ambiente de negócios”. Já o pesquisador José Guilherme Reis, do Centro de Estudos, discorreu sobre produtividade. “O desafio é crescer. A baixa produtividade atinge vários setores no país devido a obstáculos estruturais e reflete no comércio internacional”.