Possibilidades de coproduções com parceiros internacionais, networking e conhecimento do mercado americano de cinema foram os principais destaques apresentados pelas produtoras que participaram do American Film Market (AFM), em Santa Monica, nos Estados Unidos. O evento é conhecido como um dos maiores polos de compra e venda do mercado cinematográfico mundial.

As produtoras fluminenses Escrevendo & Filmes, Fraiha Produções, Raccord Produções Artísticas e Cinematográficas e Sambaqui Cultural Cine Vídeo compartilharam suas experiências com empresários do setor no Seminário Audiovisual de Internacionalização, promovido pelo Sistema FIRJAN com o Sindicato da Indústria Audiovisual (Sicav).

O seminário é a consolidação de um projeto de internacionalização iniciado no início do ano. “Capacitamos 25 produtores com consultores americanos da Producers Guild of America (PGA). As empresas que participaram do AFM foram escolhidas porque apresentaram projetos com o perfil desse mercado e receberam consultoria jurídica para se prepararem”, explicou Alessandra Cabral, coordenadora de Desenvolvimento Setorial da FIRJAN.

Antes de planejar a participação em eventos como o AFM é fundamental estudar e contatar previamente empresas que têm o perfil do filme que deseja vender. Para Rosane Svartman, da Raccord Produções, essa estratégia possibilitou dez reuniões com investidores interessados na temática proposta em seu roteiro infanto-juvenil “Pluft, o fantasminha”: “Conseguimos um ótimo resultado e estamos em negociação com uma dessas empresas que conhecemos lá. Desistimos de ir ao Ventana Sur porque já alcançamos o mercado internacional que procurávamos”.

Já Joana Nin, da Sambaqui Cultural, encontrou no evento a oportunidade de entender melhor o mercado de cinema americano e fazer networking. Sua produtora tem expertise em documentários, e agora, está desenvolvendo sua primeira obra de ficção. “Já tivemos problemas com um contrato assinado com uma empresa americana. A capacitação foi fundamental para entender como funciona esse mercado. Depois dessa iniciativa, começo 2018 muito mais preparada para internacionalizar", ressaltou Joana.

Para Andre Scucato, analista de Desenvolvimento Setorial da Federação, participar de eventos grandes como o AFM evidenciam aos empresários as possibilidades existentes para produtoras de todos os portes. “Muitas vezes achamos que o mercado é só para os grandes produtores, mas há espaço para todo tipo de produção”, disse.

Consultoria jurídica para o audiovisual

O consultor jurídico, Marcelo Goyanes, que prestou consultoria para as empresas participantes do projeto, esclareceu dúvidas sobre contratos de obras audiovisuais e falou sobre a importância das produtoras buscarem apoio jurídico no processo de alcançar mercados externos. “Quando um projeto brasileiro vai para fora, o mercado quer saber sobre a cadeia de direitos, ou seja, sobre todos os contratos, desde a origem de uma produção até sua finalização, para ter certeza que ele pode ser comercializado internacionalmente”, disse Goyanes.

Ele explicou que no Brasil, o sistema de leis de incentivo beneficiam o setor, possibilitando que até 95% do orçamento de uma obra possa ser financiado com recursos públicos. Uma orientação do consultor é procurar coprodução internacional e se beneficiar das leis de incentivo: “É preciso conhecer as principais legislações que beneficiam o setor como a Lei do Audiovisual e o Fundo Setorial do Audiovisual, além de diversos tratados de coprodução internacional com países como Espanha, Inglaterra, Portugal e Alemanha”.

O projeto

A iniciativa, que além de levar os empresários até o AFM promoveu a capacitação em gestão e produção criativa, faz parte do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), promovido pela Confederação Nacional da Indústria e pelo Sebrae Nacional com apoio da FIRJAN e do Sicav. Além das quatro produtoras participantes do seminário, a Lupa Filmes também esteve presente no AFM.

“A indústria audiovisual possui facilidade em exportar e importar, tanto em termos burocráticos quanto físicos. O objetivo dessa iniciativa foi instruir os empresários para que explorem o melhor de seus conteúdos, baseados em uma estratégia empresarial para o mercado internacional”, afirmou Leonardo Edde, vice-presidente do Sicav.

O seminário aconteceu em 7 de dezembro, na sede do Sistema FIRJAN.