Um profissional curioso, disposto a correr riscos, pautado por inovação e pela busca de oportunidades que colaborem com o crescimento da organização são características do intraempreendedor. Para fomentar essa cultura dentro das empresas, a Casa Firjan reuniu, em 13/11, um time de palestrantes que mostraram como inovar de dentro para fora e enfrentar os desafios para se reinventar em um mundo em constante transformação.
Para Humberto Sardenberg, da Icatu Seguros e intraempreendedor há 14 anos, mostrar esse tema de modo atrativo já é um desafio, numa época em que o empreendedorismo está tão na moda e que mudar o mundo significa sair da empresa. “O discurso hoje é de empreender, as livrarias estão lotadas de livros e histórias assim”, pontuou Sardenberg. Por isso mesmo, é fundamental para as empresas identificar e incentivar os profissionais que anseiam realizar. “Falo para as empresas: não detectar e estimular a engrenagem para os intraempreendedores será o gargalo para a inovação”, alertou.
"Não detectar e estimular a engrenagem para os intraempreendedores será o gargalo para a inovação”, Humberto Sardenberg, da Icatu Seguros, intraempreendedor há 14 anos
Nesse sentido, Sardenberg atua numa rede global, a Liga de Intraempreendedores, cuja missão é encontrar profissionais e preparar a liderança para receber inovação. Sardenberg lembrou a dificuldade para empreender dentro da Icatu. Ele levou três anos até criar uma área de inovação em seguros dentro da companhia. “Esse é o tamanho do desafio e não é diferente para ninguém. Demora muito até você ganhar a chance de abrir um espaço e fazer algo diferente. Pelo menos divertido será, porque fácil não é”, contou.
Rompimento da cultura da empresa
Cristina Ferrari, gerente sênior de Transformação Digital na Coca-Cola, disse que a área nasceu com o desafio de provocar uma mudança de cultura interna. “Como toda empresa centenária e toda indústria, antes tínhamos grandes vantagens competitivas com nossas próprias fábricas e linhas de produção gigantes. Isso nos colocava sempre numa posição à frente do mercado. Mas hoje para você lançar um produto e inovar é muito mais rápido, então entendemos que para continuar inovando e liderando todo esse processo no mercado de bebida global precisávamos de uma mudança maior. Uma mudança na cultura organizacional”, explicou.
Segundo a gerente, a área é um convite para desaprender a forma como se trabalha hoje e assimilar novos métodos. A partir disso, foi lançada, este ano, uma aceleradora focada apenas em experimentos internos. “A ideia é ter um ambiente de experimentação para estimular essa cultura do vamos errar juntos, aprender com isso e corrigir nossa rota. Temos mentores especialistas em assuntos de interesse da empresa; por fim, a aceleradora acabou recebendo a missão de tangibilizar a cultura organizacional”, comentou. A ideia é também identificar os comportamentos que a organização deseja que os colaboradores tenham e buscar ideias com potencial de impacto.
Criar um ambiente propício é também o objetivo da Petrobras Distribuidora (BR). De acordo com Luiz Claudio Mandarino, gerente de Marketing da companhia, intraempreender é o resultado da equação: pessoas + propósito – cultura. “O propósito é o explosivo; então, quando conseguimos colocar pessoas motivadas, com propósito muito claro para executar e que vençam a cultura da empresa, que muitas vezes dificulta esse processo, nós conseguimos ter um ambiente disponível para gerar o intraempreendedorismo”, explicou Mandarino.
Atualmente, ele integra a Comissão de Inovação da BR, onde vem participando do desenvolvimento das estratégias de intraempreendedorismo Inova BR e Open Innovation, que promove, em parceira com a Firjan, o Desafio de Startups Petrobras Distribuidora.
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